segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

"JORNALISMO NÃO É O QUE VOCÊ É; É O QUE VOCÊ FAZ"

 


Talvez valha a pena dar uma olhada neste relatório publicado recentemente pela The European Broadcasting Union sobre jornalismo de serviço público. O documento “What’s Next? Public Service Journalism in the Age of Distraction, Opinion, and Information Abundance” ("O que vem a seguir? Jornalismo público na era da distração, opinião e abundância informacional", na tradução livre) procura demostrar como o jornalismo público do velho continente está lidando com os desafios contemporâneos a partir de três eixos: 

1.Pressões políticas e econômicas sofridas pelo jornalismo público; 

2.Modos inovadores de conexão com as audiências; 

3.Como líderes de redação podem encarar os desafios encontrados no dia a dia das redações. 

Em relação ao primeiro eixo, o relatório destaca que a pandemia aumentou a confiança e a audiência, e que jornalismo deve trabalhar para manter o público perto de si. Como consequência, o jornalismo fica mais protegido de ataques e tem mais oportunidades de alcançar a independência e a sustentabilidade financeira. Também destacou que os ataques à liberdade de imprensa são uma ameaça à democracia, e que o jornalismo público deveria se aliar a outras instituições e à sociedade de maneira geral para garantir a manutenção da sua autonomia e independência. 

O segundo eixo começa com uma recomendação clara: "Estratégias de conteúdo devem estar focadas em fornecer soluções e ideias para os problemas, necessidades e dificuldades das audiências, e não dar preferência à política e a conflitos. Estar perto da vida do público, bem como de seus hábitos, é a chave". Para isso, os veículos devem contemplar a diversidade da sociedade, fornecendo conteúdo nas plataformas onde as pessoas estão, e não apenas onde a redação gostaria de estar. As audiências jovens podem ser alcançadas a partir de uma combinação de humor com rigor jornalístico. 

No terceiro eixo, outra recomendação bem útil, especialmente para quem comanda redações: "Identificar, contratar, reter e desenvolver talentos diversos será a chave do sucesso em um mercado de trabalho competitivo. O compromisso com os valores do serviço público é uma vantagem competitiva para aqueles que buscam por um sentido em suas vidas profissionais.” O texto também incentiva a "colaboração intergeracional" nas equipes, sugere ambientes de trabalho flexíveis e aposta em redes de contatos internacionais para seguir "atento ao ritmo das mudanças".

O relatório foca nos jornalismo público, ou seja, segundo a Unesco, no "jornalismo financiado e controlado pelo público, e prozido para o público. Um jornalismo que não é comercial e nem controlado pelo estado, é livre de interferências políticas e pressões comerciais". No entanto, as recomendações bem que poderiam servir para o jornalismo como um todo.

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