Talvez valha a pena dar uma olhada neste relatório publicado recentemente pela The European Broadcasting Union sobre jornalismo de serviço público. O documento “What’s Next? Public Service Journalism in the Age of Distraction, Opinion, and Information Abundance” ("O que vem a seguir? Jornalismo público na era da distração, opinião e abundância informacional", na tradução livre) procura demostrar como o jornalismo público do velho continente está lidando com os desafios contemporâneos a partir de três eixos:
1.Pressões políticas e econômicas sofridas pelo jornalismo
público;
2.Modos inovadores de conexão com as audiências;
3.Como líderes de redação podem encarar os desafios
encontrados no dia a dia das redações.
Em relação ao primeiro eixo, o relatório destaca que a
pandemia aumentou a confiança e a audiência, e que jornalismo deve trabalhar
para manter o público perto de si.
Como consequência, o jornalismo fica mais protegido de ataques e tem mais
oportunidades de alcançar a independência e a sustentabilidade financeira.
Também destacou que os ataques à liberdade de imprensa são uma ameaça à
democracia, e que o jornalismo público deveria se aliar a outras instituições e à sociedade de maneira geral para
garantir a manutenção da sua autonomia e independência.
O segundo eixo começa com uma recomendação clara:
"Estratégias de conteúdo devem estar focadas em fornecer soluções e ideias para os problemas, necessidades e
dificuldades das audiências, e não dar preferência à política e a
conflitos. Estar perto da vida do público, bem como de seus hábitos, é a
chave". Para isso, os veículos devem contemplar a diversidade da sociedade, fornecendo conteúdo nas
plataformas onde as pessoas estão, e não apenas onde a redação gostaria de
estar. As audiências jovens podem ser alcançadas a partir de uma combinação de humor com rigor jornalístico.
No terceiro eixo, outra recomendação bem útil, especialmente
para quem comanda redações: "Identificar, contratar, reter e
desenvolver talentos diversos será
a chave do sucesso em um mercado de trabalho competitivo. O
compromisso com os valores do serviço público é uma vantagem competitiva para
aqueles que buscam por um sentido
em suas vidas profissionais.” O texto também incentiva a "colaboração intergeracional"
nas equipes, sugere ambientes de
trabalho flexíveis e aposta em redes de contatos internacionais para
seguir "atento ao ritmo das mudanças".
O relatório foca nos jornalismo público, ou seja, segundo
a Unesco, no "jornalismo financiado e controlado pelo público, e prozido
para o público. Um jornalismo que não é comercial e nem controlado pelo estado,
é livre de interferências políticas e pressões comerciais". No entanto, as
recomendações bem que poderiam servir para o jornalismo como um todo.
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